31 outubro, 2024

Como definimos a agricultura regenerativa?

Na terceira reunião do ano da Task Force Brasil, especialistas em agricultura regenerativa apresentaram diferentes propostas conceituais e técnicas que abrangem esta prática agrícola, e analisaram os desafios e oportunidades para os produtores brasileiros nesse contexto.

No dia 23 de outubro, data em que se comemorou no Brasil o Dia Nacional do Plantio Direto, ocorreu de forma online a reunião da Task Force Brasil, organizada pela Mesa Global da Soja Responsável (RTRS), na qual participaram 50 representantes de organizações-membro e detentores de certificados da RTRS, para discutir sobre agricultura regenerativa e alcançar uma compreensão abrangente deste tema-chave.

Luisa Bruscato, Diretora Executiva Global da RTRS e moderadora do encontro, comentou: “A agricultura regenerativa desempenha um papel fundamental na mitigação e adaptação climática, e muitas dessas práticas estão contempladas no padrão da RTRS. Por isso, consideramos essencial continuar ampliando nossa compreensão dos seus principais conceitos. Além disso, acreditamos que as contribuições dos participantes da Task Force Brasil nesse sentido enriquecerão o desenvolvimento do nosso projeto para um sistema de incentivos regenerativos, acelerando a transição para um produção de soja regenerativa.”

A primeira parte da reunião consistiu na apresentação do Prof. Dr. João Carlos de Moraes Sá, Pesquisador Associado Sênior do Centro de Gestão e Sequestro de Carbono Rattan Lal (CFAES) e Conselheiro da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (FEBRAPDP). Ele explicou como a agricultura de carbono associada ao sistema de plantio direto funciona como estratégia de regeneração ambiental.

A apresentação de Moraes Sá foi uma verdadeira aula que proporcionou a definição da agricultura de carbono como aquela que maximiza o acúmulo de carbono fixado pelas plantas cultivadas durante a fotossíntese. Ele explicou a importância de calcular o balanço de carbono no solo, apontou como ocorrem as perdas de carbono no solo devido à conversão para área agrícola e como o sistema de plantio direto representa uma estratégia de recuperação de carbono, baseada em três pilares: a ausência de revolvimento do solo, a cobertura permanente do solo e a diversidade na rotação de culturas.

“Regenerar é: reinventar, repensar, reconstruir, reciclar, revitalizar, reconectar, reorientar, revalorizar e reativar. Conjugando todos esses ‘re’, preservamos e mantemos a vida do solo, que é a vida para as gerações futuras”, destacou o Prof. Dr. João Carlos de Moraes Sá. Ao final da apresentação ele destacou ainda os ganhos de produtividade decorrentes da fixação de matéria orgânica e carbono no solo, obtido por produtores que há anos implementam o Sistema Plantio Direto.

Em seguida, a Pesq. Dra. Paula Packer, Chefe-Geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Meio Ambiente, destacou sobre a importância das políticas públicas que transformam a realidade global através da agricultura regenerativa. 

Como parte de sua apresentação, ela disse: “O desafio atual da agricultura mundial consiste em aumentar a produção de alimentos sem aumentar os impactos negativos ao meio ambiente. Lidar com esses desafios requer uma abordagem sistêmica que gerencie as complexidades de maneira sustentável, responsável e ética.”

Frente a isso, o Brasil possui um potencial único e já realiza transformações em suas tecnologias rumo à agricultura regenerativa, afirmou Packer. Nesse contexto, os principais desafios da agricultura regenerativa no Brasil incluem: a contextualização da agricultura tropical, a definição de métricas e critérios para o sistema de produção regenerativa, e a criação da regulamentação da agricultura regenerativa no país, acrescentou Packer.

Para encerrar as apresentações, foi a vez de Niki Van der Steenstraten e Joost Baker, consultores de sustentabilidade da NewForesight, que apoiam a RTRS e estão envolvidos no projeto “Incentivos regenerativos” financiado pelo Fundo ISEAL. Eles explicaram as principais ações do projeto, os atores envolvidos que participam de forma colaborativa, e descreveram as diferentes etapas e resultados esperados.

O projeto consiste no “Desenvolvimento e construção de um Sistema de Incentivos Regenerativos (RIS) para a soja, com potencial de expansão para outras culturas”. O objetivo do RIS é promover a adoção de práticas regenerativas no setor da soja. Nesse sentido, Joost Baker destacou: “O que vamos criar é uma forma de recompensar as práticas sustentáveis dos próprios produtores, e ao mesmo tempo incentivar adoptantes de diferentes setores, de diversos países, e investidores a investir em práticas agrícolas regenerativas e na transição.”

A reunião foi concluída com uma atividade dinâmica, na qual a RTRS convidou os participantes, divididos em cinco salas de trabalho, a compartilhar suas contribuições, sugestões e perguntas. Essas interações foram cruciais para reunir insights valiosos que contribuirão para o desenvolvimento do projeto do Sistema de Incentivos Regenerativos. Agradecemos a participação ativa de todos os envolvidos, que ajuda a fortalecer nosso diálogo e reforça nosso compromisso em criar um espaço de conexão local onde todas as vozes sejam ouvidas e consideradas nas decisões estratégicas.

 

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