RTRS compartilhou ideias-chave sobre o projeto do Sistema de Incentivos Regenerativos (RIS) no Brasil
O webinar destacou o potencial transformador da agricultura regenerativa no setor de soja. O RIS é um módulo adicional que atualmente está em desenvolvimento pela RTRS, com o objetivo de quantificar as práticas regenerativas que os produtores estão implementando. Embora o projeto piloto na região do Cerrado no Brasil ainda não tenha começado, ele marca um passo crucial para a escalabilidade global, e o evento proporcionou uma oportunidade para discutir a abordagem, o progresso até o momento e as expectativas para as próximas etapas.
No dia 6 de março de 2025, a RTRS, em colaboração com a NewForesight, organizou o webinar virtual intitulado “Principais ideias sobre o Projeto do Sistema de Incentivos Regenerativos (RIS) da RTRS – Brasil”. O evento foi financiado pelo Fundo de Inovações ISEAL e apoiado pela Secretaria de Estado de Economia da Suíça (SECO). O evento teve como objetivo apoiar os produtores de soja que implementam práticas regenerativas, gerando benefícios duradouros para as pessoas e o planeta. Mais de 100 participantes de todo o mundo assistiram ao evento, com interpretação simultânea em espanhol e português.
O webinar contou com as intervenções de Luiza Bruscato, Diretora Executiva Global da RTRS, Ana Laura Andreani, Gerente Global de Padrões e Garantia da RTRS, e Joost Backer, Consultor da NewForesight. O objetivo da sessão foi apresentar o projeto piloto da RTRS no Brasil e discutir seu potencial para gerar aprendizados chave sobre como as práticas regenerativas podem ser testadas e adaptadas em condições do mundo real. A RTRS também compartilhou sua visão sobre a possível expansão dessas práticas globalmente, começando com pilotos locais na região do Cerrado.
A discussão destacou o papel esperado da agricultura regenerativa na redução de emissões, na melhoria da saúde do solo e na promoção da sustentabilidade. O evento delineou os objetivos e a visão do projeto piloto no Brasil, que busca testar práticas regenerativas na região do Cerrado. O enfoque foi identificar os desafios que os produtores podem enfrentar e como os aprendizados obtidos podem contribuir para o desenvolvimento de ferramentas e incentivos para apoiar a adoção mais ampla da agricultura regenerativa.
Luiza Bruscato destacou a visão mais ampla da agricultura regenerativa: “Adotar a agricultura regenerativa não é apenas transformar as práticas agrícolas; trata-se de criar um futuro sustentável que beneficie tanto as pessoas quanto o planeta.” Ela também sublinhou a importância da colaboração: “Alcançar a escalabilidade global exige uma forte cooperação entre as partes interessadas para superar as barreiras e gerar mudanças significativas”.
Ana Laura Andreani compartilhou os desafios práticos de implementar práticas regenerativas: “O projeto piloto no Brasil ainda está nas suas primeiras etapas, e o objetivo é que ele nos forneça aprendizados valiosos sobre como essas práticas podem ser testadas e adaptadas em condições reais. Através dessa iniciativa, buscamos obter os aprendizados necessários para que os produtores adotem as práticas de maneira eficaz, ao mesmo tempo em que identificamos os desafios que devemos superar para expandir o projeto globalmente”.
Joost Backer forneceu ideias sobre o início do projeto em abril de 2024: “O maior desafio foi responder à pergunta: Como podemos criar um mecanismo de mercado que incentive a transição regenerativa globalmente? Acreditamos que o sistema atual que será testado é uma resposta a isso”.
Backer também destacou o papel dos diversos parceiros do projeto na condução deste esforço: “Criamos um Grupo de Implementação composto por organizações com grande experiência. Isso inclui participantes do mercado, especialistas em verificação e agrônomos. Também trabalhamos com um Grupo Consultivo que representa setores como cana-de-açúcar, algodão e óleo de palma, onde a transição regenerativa tem grande potencial. O marco importante é que temos um Modelo de Incentivos Regenerativos que está pronto para ser testado no campo.”
Barreiras para escalar a agricultura regenerativa
O sistema agroalimentar global enfrenta desafios críticos como mudanças climáticas, degradação do solo e perda de biodiversidade. Em resposta a esses problemas, a agricultura regenerativa oferece uma solução poderosa restaurando a saúde do solo, melhorando a retenção de água e capturando carbono de forma eficiente. No entanto, para alcançar uma adoção em larga escala, ainda devem ser superadas algumas barreiras:
Desafio técnico: a falta de definições padronizadas e as variações regionais dificultam a implementação uniforme das práticas regenerativas.
Solução: o alinhamento técnico, por meio da definição clara dos resultados e práticas desejadas, é essencial para garantir um progresso consistente.
Desafio de garantia: a ausência de um sistema de verificação compartilhado e confiável limita a credibilidade do processo.
Solução: o desenvolvimento de um sistema de garantia que verifique a conformidade com os padrões e permita declarações confiáveis é fundamental para gerar confiança no mercado.
Desafio de mercado: a falta de incentivos financeiros adequados dificulta a transição para práticas mais sustentáveis.
Solução: criar plataformas de mercado que incentivem os compradores a investir na transição dos produtores é crucial para desbloquear o potencial econômico da agricultura regenerativa.
Desafio de coordenação: a falta de alinhamento entre os esforços globais e nacionais dificulta uma ação mais eficaz e coesa.
Solução: um sistema de governança robusto, que coordene tanto os esforços globais quanto locais, é essencial para garantir uma transição bem-sucedida em todos os níveis.
Fase piloto no Brasil
A RTRS desenvolveu o Sistema de Incentivos Regenerativos (RIS) para superar essas barreiras e facilitar a adoção da agricultura regenerativa.
A Fase 1 envolveu o design do framework conceitual em abril de 2024, que foi posteriormente testado com partes interessadas chave. Este framework foi lançado na fase piloto na região do Cerrado no Brasil, com foco nas transições agrícolas, financiamento, engajamento de compradores e escalabilidade da iniciativa.
A Fase 2 (agosto-dezembro de 2024) seguiu, durante a qual um único cenário RIS foi testado e validado para implementação. E a Fase 3 (janeiro-março de 2025) se concentrou na implementação completa e avaliação, coletando recomendações para melhorias.
O RIS será otimizado com base nos aprendizados obtidos durante a fase piloto, com recomendações para expansão para outras regiões e commodities.
Aprendizados chave:
- A simplicidade é essencial para produtores e compradores.
- As práticas regenerativas devem ser adaptadas aos contextos locais.
- Envolver as partes interessadas desde o início é desafiador, mas vital.
- A flexibilidade é necessária para alcançar resultados amplamente acordados.
- O progresso mensurável requer indicadores-chave de desempenho eficazes.
- Realidades agrícolas diferentes exigem níveis variados de apoio.
- Os compradores precisam de dados confiáveis sobre o impacto ambiental e social.
- A colaboração é crítica para uma implementação bem-sucedida.
O webinar foi encerrado com uma sessão interativa de perguntas e respostas, reforçando o espírito colaborativo do evento.
A RTRS convida as partes interessadas, incluindo empresas agroalimentares, ONGs, instituições financeiras e agências governamentais, a se unirem aos pilotos ou a participarem de sessões de aprendizado. Os benefícios incluem o cumprimento das metas de sustentabilidade, o aumento do reconhecimento da marca, a redução de riscos e a economia de custos futuros.
Para mais informações sobre este projeto e como você pode ser parte, entre em contato com [email protected]
Assista ao webinar aqui: