Soja, a ‘vantagem competitiva’ da Argentina: líder em produtores individuais certificados em sustentabilidade
O país se destacou como o principal em certificações individuais e multisite. Em 2024, a produção de soja certificada pelo esquema RTRS aumentou 95%.
(NAP) Com um aumento de 95% na soja certificada RTRS no último ano, a Argentina se consolidou como o país onde predominam as certificações individual e multisite, alcançando um total de 60 produtores certificados nessas modalidades.
Além disso, em 2024 foi certificado o primeiro grupo de produtores no país, elevando o total de produtores certificados para 66. No último ano, a produção certificada cresceu 95%, atingindo 767.132 toneladas até março de 2025.
Esse avanço reflete o compromisso do setor com a produção sustentável e o acesso a mercados internacionais que priorizam a rastreabilidade e a responsabilidade ambiental.
Os avanços foram apresentados na Expoagro 2025 durante a palestra “A certificação como vantagem competitiva no agronegócio”, ministrada por Laura Villegas, gerente global de Desenvolvimento de Mercado e Assuntos Corporativos da RTRS. Ela destacou que a sustentabilidade já não é apenas um compromisso, mas uma oportunidade para alinhar-se à agenda internacional.
Em nível global, estima-se que a produção certificada RTRS em 2025 alcance 6,6 milhões de toneladas, com 54.466 produtores certificados em seis países.
Na Argentina, 18 membros da RTRS, incluindo Aapresid, Molinos Agro S.A. e Fundación ProYungas, participam ativamente na promoção da certificação.
“A certificação RTRS é muito mais do que um simples selo de sustentabilidade; é uma ferramenta estratégica que beneficia toda a cadeia de valor do agronegócio, ajudando as empresas a cumprir seus objetivos de sustentabilidade e a se conectar a programas de desenvolvimento regional, conservação e metas sociais, inclusive em áreas de alto risco ou em corredores específicos. Além disso, pode atuar como um incentivo e um reconhecimento direto para os produtores de soja, contribuindo para a continuidade das práticas responsáveis e sustentáveis implementadas”, destacou Villegas.
No entanto, é importante esclarecer como funciona o esquema de certificação RTRS, que contempla três modalidades principais para produtores: individual, multisite e em grupo.
- Certificação individual: um produtor obtém um certificado para uma única fazenda que atende ao padrão RTRS.
- Certificação em grupo: permite que vários produtores compartilhem os custos da certificação RTRS sob um único certificado. Um gestor de grupo administra a certificação e as auditorias, enquanto cada produtor dentro do grupo é responsável pelo cumprimento do padrão RTRS.
- Certificação multisite: concede um único certificado a várias fazendas sob uma mesma gestão. O titular do certificado deve garantir o cumprimento do padrão RTRS em todos os locais, gerenciar auditorias e corrigir não conformidades.
Na Argentina, a maioria dos produtores certificados são individuais e multisite, o que significa que cada um deve se submeter a auditorias completas e arcar com os custos da certificação de forma independente.
Se considerarmos a certificação em grupo, a Índia e Uganda lideram em número de produtores, com 51.438 e 2.628, respectivamente.
Regulamentações internacionais
A Round Table on Responsible Soy (RTRS) é uma organização internacional sem fins lucrativos fundada em 2006 na Suíça.
Um dos pontos centrais abordados na Expoagro 2025 foi a adaptação da RTRS às normativas globais, como o Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR). Villegas explicou que a RTRS desenvolveu um modelo opcional dentro de seu Padrão de Cadeia de Custódia (CdC) para alinhar-se a esses requisitos e facilitar a implementação e o cumprimento da normativa.
“Com esse módulo, promovemos volumes sustentáveis no mercado e garantimos que os produtores recebam incentivos diretos, além de implementar auditorias rigorosas”, afirmou.
Outros números e certificações
Em relação à certificação RTRS para o milho, estima-se que os registros finais referentes a 2024 incluirão 255 produtores de soja certificados globalmente, abrangendo um total de 806.546 hectares e 4.368.739 toneladas.
No que diz respeito à Certificação de Cadeia de Custódia RTRS (CdC) em 2024, 16 países da América, Europa e Ásia possuem essa certificação, totalizando 407 locais certificados que recebem, processam e comercializam soja física certificada RTRS ao longo da cadeia de abastecimento.
Esse total inclui 240 unidades de armazenamento, 94 plantas de processamento, 61 portos, 52 terminais de transbordo e 36 escritórios comerciais.
Na Argentina, há 40 locais certificados, distribuídos entre 39 unidades de armazenamento, 18 plantas de processamento e 9 portos.
Em relação ao mercado, Villegas destacou que, em 2024, a demanda por material certificado RTRS foi de 7.463.722 toneladas, registrando um aumento de 13% em comparação com 2023. Um total de 34 países adotaram material certificado RTRS, com destaque para os Países Baixos, Reino Unido e Brasil.
No ranking das 20 principais organizações que adotaram material certificado RTRS em 2024, as três primeiras posições foram ocupadas por Amaggi Trading, do Brasil (711.059 toneladas), DLG, da Dinamarca (655.365 toneladas), e De Heus Voeders B.V., dos Países Baixos (500.096 toneladas).
Destaca-se também o setor de aquicultura, que entre 2018 e 2023 adotou mais de 1,5 milhão de toneladas de material certificado, principalmente em países como Equador, Chile e Peru. As três empresas que mais adotaram material certificado RTRS na aquicultura entre 2020 e 2024 foram Gisis S.A. (638.537 toneladas), Ewos Chile Alimentos Limitada (222.345 toneladas) e Vitapro S.A., de Honduras (144.462 toneladas). (Notícias AgroPecuárias).
Leia a nota original da NAP aqui